Inexplicavelmente, uma estrela. Um ponto explícito. Remanescente. Uma mensagem de conflito e dor. Um brilho que causa cegueira. Ela sempre faz isso. Cuida disso, sempre.
Desdobrou-se como papel tingido. Desabotoou as nuvens do céu e retirou os botões da blusa. Teceu o ar transcendente que agonizava nas suas narinas. Ajoelhou-se numa comunhão desnecessária. Sempre mais do que deveria. Sempre deveria ser mais.
Todas as noites o vento penetra nas suas bochechas, como se a convidasse para um sarau. Ela lamenta. Acaricia a pelugem animalesca do meu corpo. Quando noite, estremece nos meus braços afobados e desnutridos. Confuso, fechos os olhos como se fechasse a minha existência.
Deflagrou as nuances na órbita. Vagou por longínquos círculos e por inúmeras ruelas. Parte de uma matéria exponencial, que nos remete ao poder involuntário da natureza. Sobrevoou os alicerces, incinerando memórias. Voluntariamente presenciou a destruição de cada partícula do seu corpo.
Redemoinhos cresciam pela sua janela. O ar era impreciso. A multidão já se infiltrava pelas rachaduras do quarto. Como uma árvore centenária sendo rasgada pelas formigas. Eles queriam mais.
De súbito, se jogara na parede. Prendia-se no muro. Estendia-se na árvore. Enrolava-se no carpete. De repente, tomara como propósito. Definhava até os seus amigos, familiares e curiosos.
Os ossos puxavam a carne por dentro. Sua ansiedade nunca se tornara tão espessa, volumosa e faminta. Foi diluindo aos poucos numa camada homogênea que levara o brilho dos seus olhos ao céu.
Desconfiara da nossa grandiosidade perante aos indivíduos lá embaixo. E aqui, tão ímpios e solitários, eles apenas esperavam que um anjo acenasse por trás das constelações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário