Estou num pedestal. Se uma corda atravessasse a sala, eu envolveria-me nela. Então, cato-me e pingo o meu corpo camuflado, na cama. O sol define os lençóis e as cortinas desmontam a gota pálida transbordando na cabeceira da cama. Seco-me no branco, antes pálido e agora cinza. Eu vejo, toco e aceito.
No relógio os ponteiros atordoam o tempo. Em minha mão, um polegar apertando-o até o fim. Minha mente fantasia até onde posso ir. Vou para casa. Vou a qualquer lugar.
Elas correm sem desejo. Eles percorrem com temor. Possuí-las até o fim. Encorajá-los até aqui. Na rua o jornal rodopia num córrego, trazendo uma notícia antiga de quando a vida parecia ser exatamente assim.
Vou me afastando da ponte, deixando que poeira cubra a frieza da vizinhança. Sacudo os ombros e ela desce facilmente. Encaro-a, pois aqui, agora, não há aflição. Só o medo. Só o súbito soluço que me apavora. Só o pulo descontraído que me põe para dormir.
Abro uma gaveta, retiro de lá um pano e entorpeço-me no encharque. Mãos aplaudem, bocas falam, pessoas apertam e outras gritam. Procuro os punhos que, a essa altura, aprisionam todos meus pensamentos. Irrigam meus joelhos, assopram por detrás dos cotovelos. As vozes acompanham e os rostos se distanciam.
Estou rendido para não sentir o gosto repentino do amanhã. Eu vislumbro esse peso no alto de um penhasco. Estou clamando por um tombo, por um desejo interno de despertar. Estou fadado a esperar.
Antony, não demore tanto assim para postar, eu estava morrendo de saudades. Como sempre o fim dos seus textos são sempre supreendentes. Amei, como amo todos os outros. Parabéns.
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