Faço-me de útil ao alongar os pés, os braços, a coluna, pronta para correr numa aposta sem fim com algum aventureiro que estivesse de passagem. Faço-me de correta ao entender todas as precauções, jogando-me direto no banco do carona e esperando a breve acelerada partida.
Íamos com determinação, com meta, rumo, com gás e aceleração. Éramos jovens, ou quase isso, cheios de idéias e realizações, mas éramos também falsos corredores, adoradores de produtos industrializados e amantes da corrida na terra, apenas para encontrar, antes de escorregar para o fim da estrada, um abraço pra poder correr em sua direção.
“Ao caminhar de soluços, suas mãos tentam, de forma desesperada, ganhar o ar de vitória. Chega depressa, bagunça a cabeceira e retira o remédio. Dorme, portanto, derrama, espalha, desiste da vida.”
Acordei em meio aos sons angustiante de gotas d’águas batendo no pára-brisa, esfreguei os olhos nos punhos, visualizei a estrada, o volante e o senhor. Tomei uma dose de realidade ao explicar do que se tratava tal pulo no tempo, fora a idéia permanente de presságio, me senti pesada, numa contradição avassaladora, condizente com os medos, com os passeios, com a razão, na linha invisível entre o fatídico e o assombroso.
Permito-me deitar, olhar o "brisa-pará", o vento levando consigo as transformações físicas de minutos atrás, voltei em sonho e analisei os fatos:
“Ao caminhar, suas mãos desesperadas apontavam para o leste, sua boca proclamava: As nuvens tocavam o chão... Descrevendo através do olhar, que de apreciar algo divino, se sentia único e abençoado. Era o meu irmão, mas até então, sua doença era desconhecida.
Interessante partir do ponto de vista de uma mulher. Boas descrições, palavras bem escolhidas e bem colocadas.
ResponderExcluirPreciso enfatizar a calma que sinto ao ler seus textos. São ótimos.
Na juventude cometemos várias loucuras que nos causam saudades depois.
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