11 de dezembro de 2010

Cítrico


A pele queimava com o cheiro cítrico das laranjeiras, enquanto um doce tom secava a garganta que clamava por mais um pouco de água. Ele me olhou com profundidade, acertando com exatidão a camada de pele, carne e osso que adornavam a alma, deixando todo o seu corpo transparente. Me senti mais do que as palavras poderiam descrever, porém sentia o vento cobrir o capô e o som delinquente do motor acelerar e ultrapassar o chão cinzento.

"O senhor segurava o volante, tentando obter o controle do animal selvagem preso dentro dele, diferente de mim, sua intenção era jamais soltá-lo."

Encontramos uma casa que parecia flutuar no tempo, se tornando proprietária do marasmo de dias calorosos. No varal, roupas de algodão estendidas, unidas como cordilheiras. Descia o mel, a abelha e a rainha. Assim, brotando amor de suas paredes, com o aroma de lar, doce lar, seus olhos assassinavam a paisagem rudimentar, encontrando uma perspectiva de fazer sua língua contornar os lábios.

2 comentários:

  1. Descrições belíssimas. Realmente sublimes.

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  2. Um conto curto, mas cativante. Simples mas profundo, diria simplesmente expressou algo além de palavras: Sentimentos... - WSenhorinho NI/RJ.

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