Nesse dia o zelo sucumbiu. Subiu as escadas e refugiou-se naqueles braços. Os olhares encaravam-se como chuva assentada em solo molhado. Enxugavam-se com um aceno forte de onde permaneciam irrigando o rosto, aflorando a felicidade.
Ela repassava as falas, ensaiando a vida dentro dele. Na coxia, ouvindo os aplausos antecipados que ecoavam dentro do peito, residente de todo aquele palco. Ele a acolhia em sua aba, enquanto ela aceitava as provocações do vento quando se entregava em comunhão com os cachos que, desdenhosos, destilavam as bainhas dos seus fios por cima da nuca.
Ela soltava faíscas que eram antecipadas num ato e recolhidas em outro, mas eventualmente denunciavam a sua altivez. Os olhos, já caídos, brilhavam em cascatas. O rapaz então desenhou curvas com os dedos naquele rosto corado de tanta afeição, enquanto curvava-se para não derrubá-la com o gesto. Aproximou-se mais, subindo até alcançar o queixo, levando-a intimamente para trás.
Quando notou o braço dele, soltou-se no ar e surpreendeu-se com um puxão que nivelava os corpos. De repente, viu-se carinhosamente guiada até a parede. Ele pôs a mão em sua nuca, enquanto a outra levantava o queixo com a delicadeza de uma brisa matinal.
Aproximou-se um pouco mais, beijando-a na bochecha que logo se encantava com os cantos dos lábios e ampliava o ato para afagar os desejos nutridos com o tempo. Os lábios fundiam-se tornando-os cúmplices do amor comprimido naquele momento.
O rapaz que conta o nosso Conto.
ResponderExcluirO rapaz que escreve um tanto.
O rapaz que me leva aos cantos dos sonhos.
O rapaz que canta aos cantos para os meus dias mais risonhos.
O rapaz que torna legível um dia perfeito...É o rapaz que mora no meu peito.
Ao rapaz que me encanta...
Eu, a sua querida.
Antony, eu sou meio suspeita para falar pois sou apaixonada pelos seus textos: tua prosa tão limpa e que parece ser tão suja dentro da gente. Lembro quando eu encontrei teu blog, e vi uma pessoa diferente em cada parágrafo pela primeira vez. Achei tudo um absurdo: você fala de mim (ou pra mim) o tempo inteiro. Leio sempre as tuas postagens, embora não comente todas. Não comento pois as vezes não encontro tão voluptuosas palavras para demonstrar quão reparadoras são as tuas frases mansas, dentro de mim. Eu sentei com um livro do Machado de Assis e encontrei esta frase: "Vi-a assim e doía-me que a vissem outros." E lembrei de você na hora. Sabe quando você gosta tanto de uma coisa que chega a se sentir dona? Então. Não deixe de escrever, por mim, e por outros tantos que perdem os dias se sujando, tentando encontrar o que são, enquanto você parece saber tão bem.
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