28 de setembro de 2016

Acabou?

Hoje finalmente aconteceu.
Bem cedo, quando o vi, bobo entre nós, trocamos olhares e eu me distraí.
O vai-e-vem das conversas matinais me deixa enjoado.
Eu o vi sorrindo bem atrás de você. Você tão séria.
O sentimento agora em ruínas, se agarrando nos olhos lúcidos e nos lábios que não se tocam mais. Não se tocam mais para profetizar e se fecharam para beijos, sem mais nem menos. Somos matematicamente três.

Eu o vi nascer e não o repreendi. Com o cordão de nascença preso aos seus pés e suas pequeninas mãos presas aos meus braços, ao som da valsa que se arrastava sem vida, enquanto eu zelava pelo seu sono. Eu grito para que todos possam escutar que eu sou a própria vida. 

Hoje eu vi.
Cambaleando, sem vestimentas, enrolado na cortina vermelha do teatro. E bem atrás de nós, uma fivela e uma corda, um colar. Um pássaro e uma gaiola. Um pai e uma mãe. Um jovem e sua sombra. E todos, bem admirados com o espetáculo, se peguntaram no fim: acabou?



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