24 de abril de 2011

Nota preliminar

Eu estava transtornado com o calor da era de Ouro. Rifles e sinfonia. Pura e inconcebível sinfonia. O sol, tão empoeirado, selvagem, mastigado e radiante. Um corte, mais uma pelo meu país. Sou motivo de indenização ou prioridade para uma nação comunista. Sou assunto para os mais moralistas e acabo rendido pelo vilão ridicularizado por uma nação.  
Hoje ele falhou novamente, pra variar.
Deu um pequeno e embaraçoso passo atrás da porta, e por ela mesmo deu outro mais adiantado e espaçoso passo, deixando que a grade ainda fizesse o barulho de sempre. Atravessou a rua, entrou no casaco e desapareceu. O hino de salvação para o filho deste mundo. Correndo, pensando, imaginando e sonhado. Uma alegria sendo privada e outro grito silenciado pela multidão.
Senhores enormes com uma mão dentro de não tão maiores bolsos, ancorando pensamentos que não foram jogados ali. Crianças batendo na calçada, tirando a paciência de pais que se jogavam na imprudência alheia. Pessoas entrando no esgoto intelectual, com aquele ar característico que arruinaria qualquer ser. Um ponto final para todo drama empoeirado, como os nossos menores, descansados e prolíferos dramas. O bar com cheiro de cobre, urina, vômito e tristeza, ao som da esperança despedaçada pela fome de mais um gênero cultural ou uma imagem imprimida por seus maiores ídolos.
Uma dose cavalar de sinceridade jorrava do seu ouvido. Encontrava-se no assassino ou na senhora sorridente. E tudo que tem é um bom observador para todas as coisas que a vida oferece: A vida miserável, ou o pai violento. Uma prisão para privar suas aventuras ou os pensamentos que aumentavam a consciência de loucura gratuita. Queria aborrecer a constituição de sonhos industrializados, aqueles que são jogados no nosso conforto. Queremos, então, achar um ônibus que nos leve pra casa e uma almofada para afogarmos a nossa deficiência social ou os nossos anseios perante a opressão daqueles que deveriam nos iludir e garantir um espaço no céu.

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