10 de abril de 2011

O primeiro ventríloquo


Primeiro criou-se as palavras, vendo que estas se sustentavam no mesmo eixo, fez-se, novamente, símbolos pelo lado de dentro, para que todos tivessem a obrigação de espalhar conhecimento sobre as coisas do mundo. Veio até as bocas, falando de cortejo, como quem arma uma ceia ostentosa para um convidado amoroso. Lançou, então, uma pluma aos olhos da humanidade, para que fosse usada para suavizar as coisas do mundo. Depois, cercado de olhares, estremeceu uma mão numa direção oposta, e disse-lhes: “Eis aqui a potência que ressoará entre nações, e esta, que nasce agora, será permanente em cada casa."

Depois fez os ventos para que prorrogassem e intensificassem momentos. A mãe da natureza, que já fora criada em anos de criação, já, subitamente, plantara o alvorecer nas sustentações do mundo e na minuciosa capacidade de aceitar os encadeamentos de uma alma impura. Ele, que viu que era subjetiva, julgou um de seus santos, jogando-o em tempo de construção, dando-lhe o medo e o aborrecimento de seres imperfeitos.
Nesse tempo forjou o “amém, arrastando o fim até a malha que jogara, anteriormente, para cobrir o céu. O por fim, dizia-se: “Amém."
E de todas as coisas esculpidas por estas mãos, nem a terra, imensa em prédios e construções dadas ao tempo, e nem o céu, que escondia-se por trás do manto, poderia dizer-se “Amém”, pois todas as coisas criadas por ele não submeteriam-se a prazos.
Avistou canhões erguidos rumo ao céu, e fez destes um filho para semear a terra e para dizer-lhe como poema: “Em nome de ti."
Jurou de olhos abertos, enquanto a sujeira arrastava uma folha para dentro da boca do lobo. Ali mesmo comera, sentindo o papel rasgar o que tinha por dentro. Sairá, então, para dizer em momentos oportunos: “Prometo-lhe o segredo que não criei, portanto, ainda nem se fez, mesmo que o faça, será seu."

Assumiu os miúdos enterrados debaixo da terra, colhendo ouro, prata e ervas que poderiam curar uma enfermidade a cada século. De súbito pensou nas nações que o seguiriam, assinalou, então: “Atrás da sombra terá uma fenda de luz que seguirá por uma escada de caminho estreito."

E pra toda doença terá uma cura, dada, como já fora ordenado, em seu devido tempo. E como já estava certo do vento, dos remédios e de todas as coisas do mundo, tratou de cuidar do termo, do verbo e do nascimento. Pisoteou as pálpebras enterradas no chão, catando um punhado de terra que deixará escapar entre os dedos, e disse-lhes: “Eis aqui um lugar, e tudo que há de existir será pecado".

2 comentários:

  1. "ali mesmo comera sentindo o papel rasgar o que tinha por dentro" Esse trecho me causou um tremendo impacto.
    Ótimo texto!

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